A cada ano novos medicamentos para o controle do Diabetes tem chegado ao mercado. Desde levar o rins a filtrar uma quantidade maior de açúcar (nossos inibidores de SLGT2) , até estimular a conversa hormonal intestino cérebro (análogos de GLP-1), passando pelo desenvolvimento de insulinas de ultra longa duração, todas as armas tem se mostrado interessantes quando o assunto é controlar nossos pacientes, baseado em escolhas individualizadas. No entanto, existe uma arma que é fundamental neste contexto e independe de individualização: o tempo.
Tempo é sinônimo de memória metabólica. Fenômeno descrito a partir da observação dos efeitos prolongados do bom controle glicêmico em grandes estudos clínicos. Em resumo, quanto melhor e mais brevemente se controla o diabetes melhor será a evolução do paciente, com menores complicações crônicas. Além disso, observou-se benefício nos estudos daquele período em que os pacientes estiveram mais controlados, com também benefícios prolongados – o que chamamos de efeito legado.
E o que tiramos de lição sobre isso? A primeira delas é o diagnóstico. Não deixar de rastrear Diabetes e Pré-diabetes naqueles pacientes com fatores de risco e uma vez feito o diagnóstico, não retardar o tratamento. Para profissionais de todas as áreas envolvidos no controle do Diabetes, a abordagem multidisciplinar como base de tratamento deve ser sedimentada como forma de alavancar processo de melhora nos níveis glicêmicos. A segunda lição é que a individualização do tratamento do paciente diabético depende também de considerar que existe um tempo em que você espera ver a melhora dos níveis de hemoglobina glicada e demais parâmetros metabólicos, e atrasar uma troca ou ajuste de medicamento pode fazer a diferença nos efeitos legado e de memória metabólica.
Pelos dados de 2014, a estimativa é que cerca de 11,9 milhões de brasileiros apresentam diabetes e que em 2035 este número chegue a 19 milhões. Diante deste cenário, é – e será – cada dia mais comum que esses pacientes precisem passar por algum procedimento cirúrgico. Dessa forma, saber informar e preparar o paciente para que não aconteçam complicações é o objetivo da equipe de profissionais envolvidos. E, para facilitar, é importante que você, paciente diabético, saiba de algumas informações. Vamos começar?
Quanto mais a glicemia está controlada, melhor a recuperação. Sabemos que tanto pelo risco de infecções e na cicatrização, quando mais controlado está o Diabetes, menores riscos de infeção e melhor a qualidade da cicatrização. Mesmo em pequenas cirurgias, o risco de infecção existe e, portanto, evitar tanto hiperglicemia (aumento de glicose) como hipoglicemia (queda de glicose) é fundamental para o processo cirúrgico.2
Diabetes controlado é igual a coração com menos riscos. Uma dos fatores que preocupa quando um paciente diabético vai se submeter à procedimentos cirúrgicos é o risco cardíaco. Sabemos que pacientes diabéticos apresentam maiores chances de infartos, por exemplo, e quanto mais bem controlado está o paciente, os riscos são menores.
Para cirurgias programadas, as ditas eletivas, prefere-se um nível de Hemoglobina glicada menor que 8,5%. A escolha da melhor hemoglobina glicada, no entanto, pode variar conforme o procedimento que o paciente vai ser submetido e do julgamento do médico que o acompanha.
Monitorizar, esta é a palavra chave durante o internamento. Manter controlados os níveis de açúcar no sangue do paciente e no período do procedimento e do pós operatório, evitando oscilações. Também é importante saber quanto tempo o paciente ficará de jejum e também os ajustes necessários dos medicamentos.
Cada hospital deve estar preparado. É muito importante que o paciente diabético saiba se o hospital tem uma equipe treinada para atender pacientes diabéticos internados. Oscilações dos níveis de glicose são esperadas e ter protocolos de atendimento (com insulina, por exemplo, caso a glicemia suba) torna mais fácil de manejar estas situações.
A Dra. Andressa Heimbecher, uma das notáveis colunistas do site da SBD, está recrutando pacientes para um estudo clínico para sua Tese de Doutorado. Este recrutamento por mídia eletrônica está autorizado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
A Clínica de Endocrinologia e Metabologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP seleciona homens obesos saudáveis para pesquisa clínica com novo medicamento. Pode participar quem tiver entre 18 e 50 anos e não for fumante. A pesquisa avaliará melhora nos níveis de testosterona.
Os pacientes serão avaliados em consulta de triagem e terão os níveis de testosterona no sangue dosados. Os que apresentarem baixo nível participarão do protocolo de pesquisa, que envolverá 70 voluntários. Segundo a pesquisadora Andressa Heimbecher Soares, o objetivo do estudo é buscar a correção dos níveis de testosterona causados pelo aumento do peso sem o efeito colateral da perda da fertilidade.
O estudo verificará se a utilização do medicamento ajudará no controle das taxas de açúcar no sangue e de colesterol e também se a utilização da medicação terá impacto sobre os riscos de problemas cardíacos.