Internada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Parque São Cristóvão, em Salvador, desde o dia 13 de julho, a paciente Maria de Jesus, de 76 anos, acabou não resistindo à longa espera pela regulação da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) e morreu. De acordo com o programa “Balanço Geral, da RecordTV Itapoan, a idosa precisava ser transferida para um hospital com Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para tratar um problema de saúde, o que mesmo após cerca de 2 meses, não aconteceu.
De acordo com Patrícia, filha da paciente, Maria de Jesus foi diagnosticada com um trombo na perna que teria migrado pro pulmão, tornando necessária a transferência da idosa para um hospital com UTI.
“É complicado, estou tentando levar minha vida, mas com o propósito de refazer o que eu não consegui. Porque eu falava a ela: ‘Aguenta mais um pouquinho que eu vou conseguir’, mas eu não consegui. Eu não consegui tirar minha mãe dali. É uma dor. Minha ‘véa’ brincava alegre, a gente brincava tando com ela”, desabafou Patrícia.
A idosa chegou a passar 55 dias internada na UPA São Cristóvão, dos quais 15 esteve entubada, enquanto aguardava na fila da regulação pelo leito de UTI.
Patrícia chegou a procurar duas vezes a Defensoria Pública e conseguiu duas liminares que obrigavam o estado a transferir a paciente para um hospital que tivesse UTI, mas a decisão judicial nunca foi atendida. Agora, a mulher pede Justiça pela morte da mãe.
“Assim como eu passei e estou passando, tem muitos que estão passando e a gente tem que procurar nossos direitos. Eu sei que nada vai fazer ela voltar, mas pelo menos ela saber que a gente lutou até o fim e respeitar a dignidade que ela teve, ela foi uma pessoa que trabalhou muito, contribuiu muito e no momento que ela precisou, não teve êxito”, afirmou a filha da paciente em entrevista ao Balanço Geral.
“Minha mãe era muito carinhosa, todo mundo gostava dela”, lamentou Patrícia.
Procurada pelo BNews, a Sesab afirmou, em nota, que não passa informações sobre casos específicos de pacientes, mas afirmou que “a transferência de um paciente depende, basicamente, da qualidade do relatório médico que a unidade coloca no sistema, a disponibilidade de leito/recurso para o perfil do paciente e, é claro, a gravidade do mesmo. Estes elementos são analisados pelos médicos reguladores e hierarquizados, o que popularmente se chama de “fila da regulação”, mas ela é dinâmica e atualizada, pelo menos, duas vezes ao dia. No caso de UTIs, a captação de vagas é realizada a cada 6 horas”.
Segundo a pasta, aproximadamente 1.900 pacientes estão registrados na tela da Central Estadual de Regulação e cerca de 80% das solicitações (avaliações, leitos de internação, exames, cirurgias) são atendidas em até 48 horas. Apenas para se ter uma ideia do volume de atendimentos da Central, em 2019 foram realizados 145.249, já em 2020 esse número alcançou 166.351 e este ano (ainda em agosto) já chegamos a 145.347.
fonte: site BNews